PORTUGUESES LÁ POR FORA»» Gonçalo Salgueiro (B. Mar Almada) e Fábio Oliveira (Arrentela) - JORNAL DE DESPORTO

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sexta-feira, 2 de agosto de 2013

PORTUGUESES LÁ POR FORA»» Gonçalo Salgueiro (B. Mar Almada) e Fábio Oliveira (Arrentela)

Foram para o Bergsoy IL (Noruega) clube treinado por Hugo Vicente (ex-Paio Pires)

Mais dois futebolistas da margem sul no estrangeiro



Gonçalo Salgueiro (ex. Beira Mar Almada) e Fábio Oliveira (ex-Arrentela)
O primeiro-ministro sugeriu e os nossos jovens estão cada vez mais a aceitar a sugestão.

Foi o que acabaram de fazer Gonçalo Salgueiro (25 anos) e Fábio Oliveira (26 anos), respectivamente, jogadores de futebol do Beira Mar de Almada e Arrentela, que emigraram para a Noruega.

Vão representar o Bergsoy IL, clube da 3.ª Divisão daquele país, treinado por Hugo Vicente (ex-Paio Pires, Benfica e Sp. Braga), que se encontra em quarto lugar a nove pontos do primeiro mas apenas a três do segundo lugar.

Fábio Oliveira, é guarda-redes e na época passada jogou no Arrentela depois de ter passado pelo C. Piedade, Paio Pires e Almada.

Gonçalo Salgueiro, é defesa e jogou nas últimas três temporadas no Beira Mar de Almada. Antes havia passado pelo Zambujalense, Paio Pires, Odivelas, enquanto sénior; e, V. Setúbal, Pescadores da Caparica, Ginásio de Corroios e Seixal [clube onde começou a dar os primeiros pontapés na bola] nos escalões de formação.

Vamos então saber como é que os nossos conterrâneos [e em especial, Gonçalo Salgueiro, o nosso interlocutor] se estão a dar nestes primeiros dias em terras nórdicas e quais as suas perspectivas em relação ao futuro.

"Inicialmente não mostrei grande interesse"

Como é que surgiu a hipótese de ir para a Noruega?
Gonçalo com a camisola do B. Mar
Começou com uma simples pergunta, à coisa de dois meses, quando o Hugo Vicente [que é o treinador da equipa] me perguntou se eu gostaria de vir para cá jogar. Inicialmente não me mostrei muito interessado, nem tão pouco acreditei em tal hipótese porque estes processos são sempre bastante longos e complicados. Mas, à medida que fomos alargando a conversa, começei a mudar a minha opinião. Como tinha tirado o curso de engenharia mecânica e havia a hipótese de conciliar o emprego com o futebol, entendi que seria uma excelente oportunidade para começar a trabalhar fazendo ao mesmo tempo aquilo que mais gosto. Pelo que sei, foram abordados alguns jogadores aí da região, mas, como era impossível trazer todos, acabaram por optar apenas por mim e pelo Fábio Oliveira, que estava no Arrentela.

Como é que te estás a sentir e como têm decorrido os primeiros contactos?
Por agora, estou a sentir-me bem. As pessoas têm-nos recebido muito bem. Têm uns costumes um pouco diferentes dos nossos, mas conosco têm sido impecáveis, desde os colaboradores do clube, às próprias pessoas da cidade. Viemos de um país que é conhecido mundialmente por causa do futebol; e, como tal, somos bem tratados em cada local por onde passamos. Quanto ao país, aconselho qualquer pessoa a vir cá nas férias porque possui paisagens lindíssimas e as pessoas são do mais respeitador possível. Na estrada, por exemplo, é raro haver um acidente porque todo o código é cumprido à risca. Têm uma maneira de ver as coisas bem diferente da nossa, em Portugal.


Em destaque na imprensa norueguesa
O clube corresponde às expectativas?
Pelo que conheço até agora o clube ultrapassa as expectativas. Existe uma grande vontade de “chegar longe” por parte de todos, há boas condições a nível de terreno de jogo e campos para treinar e jogar, material de trabalho, equipamentos, balneários, etc.
O clube possui ainda um campo de futebol de praia (desporto pelo qual me começei a apaixonar nos ultimos tempos), dois campos de vólei de praia e está a ser construída a nova sede (quando a antiga até é relativamente nova) e a maior piscina de toda esta região. Quando aos colegas de equipa são impecáveis, temos jogadores de várias nacionalidades no nosso plantel e até mesmo alguns ex-internacionais dos seus países.

Que esperas vir a conseguir por essas paragens, em termos futebolísticos?
Eu sou uma pessoa que, de certo modo, lida mal com a derrota. Por isso, cada vez que entro em campo gosto de jogar bem e ganhar. Se aceitei vir para aqui, foi porque existe um projecto e apostaram em mim para os ajudar nesse projecto. Desta forma, só tenho que dar máximo em todos os jogos e tentar aprender muito com esta experiência. Em relação ao futuro, cá estaremos para ver...



“Por aqui ainda não ouvi ninguém
se queixar da falta de dinheiro”

Economicamente compensa estar assim tão longe?
Sem dúvida, esse foi um dos principais factores. Em Portugal, vivemos com uma grave crise económica e não sabemos quando é que ela irá melhorar e o futebol não fugiu à regra, os clubes estão cada vez a passar pior. Aqui na Noruega, os problemas económicos não parecem existir. Eles têm um nível de vida completamente diferente do nosso. Ainda é cedo para tirar conclusões mas uma coisa é certa, ainda não ouvi ninguém se queixar da falta de dinheiro. Não é fácil vir para cá trabalhar porque na maior parte dos casos exigem que se saiba a língua norueguesa para poderem oferecer trabalho. Sei que há muitos portugueses a tentarem vir para cá mas quando não se preenchem todos os requisitos não é fácil arranjar trabalho. Nós tivemos a sorte de ter entrado através do futebol e do clube ter procurado desde logo empregos, na nossa área. Saímos privilegiados por isso mas mesmo assim vamos ter que frequentar um curso de norueguês.
Gonçalo com a camisola do Charneca
no Campeonato Nacional de Futebol de Praia

O facto de o treinador ser português pode ajudar na integração?
Sem dúvida! A ajuda do Mister Hugo nesta fase inicial tem sido bastante importante. No primeiro dia, mostrou-nos o local e disse-nos logo quais os costumes deles que são bem diferentes dos nossos. Graças a ele já conhecemos por aqui muita gente. E, por outro lado, quando surge algum problema é a ele que recorremos. Ela fala directamente com os responsáveis do clube que rapidamente tratam de tudo.

Não terá sido esta uma aposta demasiado arriscada?
Na minha opinião não. É verdade que deixamos a família, os amigos [e, no meu caso pessoal, ainda deixei a minha equipa de Benjamins no Beira Mar de Almada dos quais muito gostava] e muita coisa que aqui nos faz falta, mas a vida é assim mesmo. No caso da família e dos amigos procuraremos ajudá-los no que for preciso. E, depois, também temos a possibilidade de ir a Portugal com regularidade. Saímos [eu e o Fábio] dos clubes onde estávamos com as portas abertas e tanto um como o outro não estávamos ainda a trabalhar. Por isso, pergunto eu, se não fosse agora quando seria?


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