PORTUGUESES LÁ POR FORA… Hugo Vicente (ex-Paio Pires) está na terra dos Vickings - JORNAL DE DESPORTO

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segunda-feira, 1 de julho de 2013

PORTUGUESES LÁ POR FORA… Hugo Vicente (ex-Paio Pires) está na terra dos Vickings

Um treinador de sucesso… 

Depois do Paio Pires, o Benfica, Sp. Braga e agora a Noruega


Hugo Vicente, 35 anos, esteve ao serviço do Paio Pires como treinador nove temporadas. Começou em 2001/2002 e por lá se manteve até à época de 2009/2010.

Nas últimas três épocas acumulou com as funções de treinador no futebol de formação do SL Benfica (Sub 9).

A qualidade do seu trabalho foi reconhecida pelo Sp. Braga que o chamou para coordenar técnico e mais tarde para treinar a sua equipa de Iniciados (Sub 15). Esteve na cidade dos arcebispos até 2012/2013 mas um aliciante projecto vindo da Noruega levou-o para aquele país, onde se encontra a trabalhar desde Janeiro deste ano no Bergsøy IL, da 3.ª Divisão, como treinador principal e coordenador de todo o futebol de formação do clube.

 O JORNAL DE DESPORTO que criou recentemente a rubrica “PORTUGUESES LÁ POR FORA…” foi desta vez ao encontro de Hugo Vicente que amavelmente, como aliás é seu timbre, falou essencialmente da sua passagem por Braga e da forma como está a decorrer o trabalho no seu novo clube na terra dos Vickings.

 Passar por Braga foi maravilhoso

Comecemos por falar do Braga. Como é que foi a experiência vivida na cidade dos arcebispos? 
Foi uma experiência em tudo formidável. Já no ano anterior tinha recebido esse convite, mas estava a iniciar um projecto internacional com o SL Benfica e achei que não era o momento certo. No ano seguinte, aceitei e estou muito contente por essa opção. Foram três anos que, tenho a certeza, vão ter um forte impacto no futuro do clube ao nível da formação de atletas. O intuito da minha contratação foi a de iniciarmos um novo projecto de formação para as etapas de iniciação, focando sobretudo o escalão de iniciados e abaixo, e também para realizar um trabalho dedicado ao treino individualizado de desenvolvimento técnico com atletas de elite de toda a formação do clube. Foram anos como coordenador adjunto da formação, que me proporcionaram momentos muito interessantes, e que este ano também já tinha iniciado como treinador de iniciados, mas acabou por surgir esta proposta para a Noruega que acabei por ter de aceitar... Saí do clube com a clara noção de que o saldo foi muito positivo, e que houve uma clara evolução do nível competitivo das nossas equipas e dos nossos atletas, e que criámos realmente umas bases sólidas para o clube crescer no futuro, e uma das coisas que me dá prazer é o facto de saber que o projecto iniciado será para ter continuidade, independentemente da minha saída, e isso é um grande orgulho. É uma cidade linda, com pessoas incrivelmente amistosas. Foi um prazer trabalhar com a grande maioria das pessoas do SC Braga, com quem aprendi bastante, mas também sei que dei muito. Foi também maravilhoso poder fazer parte deste clube durante o período de mais sucesso na sua história desportiva, a presença nas Ligas dos Campeões e a final da Liga Europa, que me fizeram ficar emocionalmente ainda mais ligado. É claramente, hoje, um clube que de longe vou acompanhando no meu dia-a-dia.

Treinador principal da equipa sénior
e coordenador de toda a formação

Como surgiu a hipótese de ir para a Noruega, como está a decorrer o trabalho, em que clube, escalão e divisão? 
Esta hipótese surgiu naturalmente... As pessoas têm por hábito queixarem-se do que não acontece, mas muito poucos são aqueles que tentam fazer acontecer. E, normalmente, quando realmente queres algo, tu tentas... vais atrás... e isso é o ponto de partida para que algo possa acontecer, e foi esse o caso. Ou seja, eu já tinha traçado, para mim mesmo, a ideia de trabalhar no estrangeiro, sobretudo nos países nórdicos porque identifico-me bastante com o equilíbrio social dos mesmos, e por já ter andado por estes lados em formação, achava interessante a forma como os clubes estavam organizados. Como tal, tive conhecimento de que este clube estava à procura de um treinador para iniciar um novo projecto e acabámos por iniciar conversações que culminaram com a assinatura do contrato. Infelizmente por esse motivo não foi possível terminar a época desportiva no SC Braga, porque aqui a época é de Janeiro a Novembro e como tal, tive de sair mais cedo que o previsto... E, iniciei o meu novo projecto como treinador principal do Bergsøy IL e coordenador de toda a formação. O clube disputa actualmente a 3.ª Divisão Nacional, mas tem com boas condições de trabalho que me proporcionam a possibilidade de criar um projecto para todo o futebol do clube, desde escolas até seniores, utilizando as minhas ideias e a minha visão de como formar, treinar e jogar. Para mim, como treinador, este foi um argumento mais que suficiente para ter aceitado este desafio.

Está a ser uma experiência interessante

A realidade do futebol norueguês é totalmente diferente do futebol português. Como é que está a ser a integração? 
A integração está a ser normal acho eu. Como país, estou a adorar, apesar de este ser um meio pequeno. Ao nível da natureza é qualquer coisa de espantoso, e proporciona uma qualidade de vida extraordinária. Ao nível social, os nórdicos não são assim tão "frios" como a imagem que normalmente temos deles. Encontrei até agora pessoas excelentes, que me têm tratado de forma exemplar e que me fazem realmente sentir em casa. Ao nível desportivo aí é um pouco diferente. No futebol sénior está a ser interessante, temos um plantel muito reduzido e muito jovem (apesar de alguns jogadores muito experientes e ex-internacionais) mas os jogadores estão a assimilar cada vez mais as minhas ideias e o estilo de jogo que pretendemos implementar. O nosso começo não foi o melhor mas depois as coisas melhoraram e estivemos seis jogos consecutivos sem perder que nos permitiu chegar um pouco mais à frente na tabela classificativa. Neste momento, estamos em quinto lugar a apenas três pontos do segundo lugar. O nosso objectivo passa apenas por realizar um campeonato estável, sem grandes sobressaltos. Mas, as diferenças são grandes... a nível de intensidade o ritmo é mais reduzido, mas por outro lado, é um futebol muito mais físico, normalmente muito mais directo, com bons executantes mas com alguma dificuldade em pensar o jogo e nem sempre com muita organização.
Mas, está a ser uma experiência interessante. Como sou treinador principal e coordenador da formação, estou a implementar a mesma a dinâmica de jogo e treino em todos os escalões, com a existência de exercícios padrão. Mas, é na formação que noto as maiores diferenças, sobretudo nas etapas de iniciação, onde para nós, comparando com Portugal, é claramente um ambiente de recreação. E, nestas idades sensíveis, em que é fundamental um trabalho de qualidade para potenciação dos atletas, o nível de exigência é incrivelmente baixo. Também muitas são as diferenças mas aqui para melhor em relação aos quadros competitivos. Na envolvência das associações de futebol com os clubes têm surgido experiências enriquecedoras que nos fazem pensar para criar formas de trabalho que respeitem a realidade e os hábitos do país com vista a aumentar a qualidade do trabalho realizado. Isso sim, está a ser um grande desafio.

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